(imagem http://www.viagemesabor.com.br)
A cachaça, também conhecida como pinga, cana ou canha, é uma bebida tipicamente brasileira.
Na realidade ela tem mais de 2.000 sinônimos, aliás a palavra com mais sinônimos na língua portuguesa e talvez em qualquer outra língua.
É um tipo de aguardente feita da cana-de-açúcar.
Por sua vez, a aguardente é uma bebida de alto teor alcoólico, como a vodca, tequila, rum, grappa e gim.
É a 3ª aguardante mais consumida no mundo e mais de 1,5 bilhões de litros de cachaça são produzidos anualmente no Brasil, principalmente para uso interno.
Temos aqui mais de 40.000 produtores.
A cana-de-açúcar é uma planta pertencente à família das gramíneas, originária da Ásia, onde seu cultivo vem de tempos muito remotos.
A cachaça é obtida com a destilação do caldo da cana-de-açúcar fermentado, enquanto que com o melaço fermentado pode-se fazer também o rum.
O nome cachaça pode ter tido origem da antiga língua ibérica "cachaza" com o significado de vinho de borra, que é um vinho de qualidade inferior, bebido na Espanha e Portugal.
Ou veio do "cachaço", que é o porco, e seu feminino, "cachaça", a porca. E a carne da porca era usada para amaciar a carne dura dos porcos selvagens do Nordeste.
(imagem http://www.cocktailhunter.com)
Acredita-se que a cachaça tenha sido inicialmente criada aqui pelos colonos portugueses a partir de 1530.
A bebida tornou-se popular porque os senhores seriam-na aos escravos para aumentar seu nível de produtividade no trabalho.
Tornou-se ilegal por um breve período no século 17 por ser uma bebida considerada justamente de baixo nível e por estar ameaçando o comércio da grappa, mais aristocrática.
Existem dois tipos de cachaça : a branca e a ouro.
A cachaça branca, também chamada de "unaged", geralmente engarrafada logo após a destilação, é a mais conhecida e usada quase que exclusivamente no preparo de drinques.
A ouro permanece em baris de 12 meses quase até 15 anos.
Essa cachaça envelhecida era só encontrada no Brasil mas cada vez mais vem ganhando o mercado lá fora.
Com pelo menos 20 tipos diferentes de madeira, essas cachaças apresentam aromas diferentes e é mais valorizada por ser mais suave e complexa que a branca.
(imagem http://buteconosso.com)
Antes alvo de preconceito durante muito tempo, por estar muito ligada às classes sociais mais baixas desde a época dos escravos, a cachaça começou a ser apreciada, inclusive no preparo de drinques como a famosa e brasileríssima caipirinha e hoje vem assumindo status de bebida gourmet.
É um dos principais cartões de visita do Brasil lá fora.
Como agradar um estrangeiro ou qual mimo levar daqui para os amigos e parentes ?
Uma garrafa de cachaça de boa qualidade ou um kit para preparar caipirinha, certo ?
Assim, para proteger nosso produto, desde 2000, nos Estados Unidos as garrafas de cachaça deviam conter no rótulo a expressão genérica "brazilian rum"
Assim tornava-se obrigatório que a mercadoria denominada cachaça tivesse origem brasileira, mas dificultava nosso marketing no exterior por não deixar clara a diferenciação entre as duas aguardentes.
Finalmente, em 9 de abril de 2012 os Estados Unidos reconheceram oficialmente a Cachaça como um produto típico e exclusivo brasileiro com assinatura de carta de intenções entre os dois países.
Em contrapartida o Brasil reconheceu como bebidas distintas dos Estados Unidos os uísques do tipo Bourbon e Tenessee.
Esse reconhecimento vai permitir que empresas brasileiras vendam seu destilado aos Estados Unidos apenas com a denominação "Cachaça" e impedirá o uso desse nome por outros países.
(imagem http://www.cachacaexpress.com.br)
Cada vez mais as cachaças foram ganhando espaço nos bares, diversos especializados na bebida, oferecendo extensa carta de rótulos de qualidade.
"Trata-se de uma mudança gradual, na medida em que deixa de ser encarada como produto barato e de baixa qualidade. Começam a degustá-la como se fosse vinho, valorizando aromas e sabores", afirma Leandro Batista, sommelier de cachaça do restaurante Mocotó, em São Paulo.
As denominadas cachaças "premium" são fabricadas artesanalmente em alambiques de cobre, com maior complexidade de aromas e sabores.
Mas neste novo mercado faltam cursos de especialização, pessoas entendidas para fazer avaliações, pesquisas, dados numéricos.
Por este motivo Felipe Jannuzzi e Gabriela Barreto criaram o Mapa da Cachaça em 2010.
Trata-se de um site colaborativo para cadastrar rótulos e alambiques.
Dá uma passada lá que vale muito a pena.
Descobrem-se rótulos de nome e design muito interessantes e outros engraçados.
(imagem http://www.weiku.com)
(imagem http://deepbrazil.com)
Curiosidade : Não se espante se encontrar garrafas de cachaça com animais dentro como caranguejos, cobras, escorpiões, ratos e outros peçonhentos.
Algumas pessoas acham que, além do veneno não passar para a bebida, eles servem para acentuar seu sabor "de barril" e deixar pessoas tentadas a provar bebida tão exótica.
Na realidade essa prática é anti higiênica, até perigosa e cruel, visto colocarem alguns animais logo após ao abate, quando ainda recém nascidos.
(imagem http://mapadecultura.rj.gov.br)
Realizado anualmente no mês de agosto, em Paraty, no Estado do Rio de Janeiro, o Festival da Pinga reúne os alambiques mais tradicionais da cidade, fazendo parte da agenda cultural do Estado, com programação intensa : muita música, shows, manifestações folclóricas, estandes com degustação e venda dos produtos, claro.
A cidade é um dos maiores produtores de cachaça do Brasil.
Em 1820 já contava com 150 alambiques; depois o número diminuiu e na década de 1980 voltou a crescer de forma significativa.
Para saber mais sobre o evento :
Fone : (24) 3371-1897/ 3371-1222
E anualmente há o evento Expocachaça Dose Dupla no Mercado Municipal Paulistano, o Mercadão da cidade de São Paulo, onde são há degustação e venda das cachaças e escolha das melhores, com premiação.
Estamos aguardando a divulgação da data da 24ª edição, geralmente em agosto/setembro.
Veja em http://www.expocachaca.com.br .
(imagem http://www.rotulosdecachaca.com.br)
É impossível indicar as melhores e preferidas cachaças pois o número é imenso e seriam necessários dezenas de posts para isso.
Vamos indicar os rótulos bons mais comuns no mercado e algumas "pérolas" que valem a pena ser conhecidas.
Assim agradamos a gregos e troianos.
A cachaça Yaguara, exportada para fazer drinques, ganhou uma garrafa prá lá de cobiçada, criada pelo designer Brian Clarke, imitando os calçadões do Rio de Janeiro.
Onde comprar cachaça ? Dê uma olhada nestes sites.
E para terminarmos com um dedinho de prosa de cachaceiro aí vai um deles contando como fez para se despedir de 30 garrafas de cachaça que tinha em casa ..... ahahah ...
...antes eu tinha que me despedir das 30 garrafas de cachaça que tinha em casa. Abri a primeira, coloquei uma dose no copo, mas como estava me despedindo, dei um trago, peguei o resto e joguei na pia, abri a segunda garrafa, enchi o copo, dei um trago e joguei o resto na pia, já na terceira, como era despedida, dei um trago na garrafa e joguei o resto na pia, abri o quarto copo, coloquei meia pia, abri a garrafa e joguei o resto na garrafa, abri a quinta pia, mas como tava me despedindo, enchi a pia, dei um trago na garrafa e joguei o resto no copo, abri a sexta pia, joguei a garrafa no copo e bebi a garrafa, peguei o sétimo copo, mas como estava me despedindo, abri a pia e bebi o copo e joguei o copo na pia, peguei a oitava pia, joguei no copo e abri a nona garrafa e joguei a décima no copo e a pia na garrafa, depois joguei a décima primeira e bebi a décima segunda pia e joguei a décima terceira pia na garrafa, depois peguei a décima quarta garrafa e joguei no copo e bebi o que sobrou da pia e por aí vai...
Federica e Vera
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